Arte Indígena Brasileira: raízes e identidade
A Arte indígena brasileira é plural e repleta de nuances que envolve muito mais do que estética, ela é atravessada por saberes ancestrais que carregam muito significado. A singularidade dos diferentes povos e etnias pode ser encontrada em suas diversas faces, formas e detalhes que transmitem história e vão muito além em suas expressões visuais.
Em cada peça é possível apontar os elementos que pertencem a cada etnia, com suas tradições e marcas que as tornam permeadas de identidade além de fazerem parte da formação da brasilidade e do brasileiro.
Além disso, a arte produzida pelos habitantes nativos do Brasil é, inegavelmente, um dos pilares da formação cultural do nosso país, por isso deve ser valorizada, apreciada e preservada.
Como parte da definição do que é arte indígena encaixa-se também tudo que foi produzido antes, durante ou depois da invasão e colonização dos brancos. Que tal conhecer um pouco mais sobre algumas de suas manifestações artísticas? A Assindi te apresenta uma nova visão sobre essa preciosidade brasileira!
Arte indígena: diferentes linguagens e estéticas!
Os povos nativos estão entre os primeiros habitantes desse território que hoje chamamos de Brasil, sua arte é considerada é uma das expressões culturais de maior historicidade e tais elementos são transpostos por características únicas e que ajudam a diferenciar uma etnia da outra, por exemplo.
Existes muitas nuances e pertencimentos nos objetos, grafismos e cores de uma etnia. Portanto, ao apreciarmos sua Arte, conhecemos um pouco de sua singularidade e expressão enquanto povo. Atualmente, pesquisadores e antropólogos afirmam que existem cerca de 305 etnias identificadas no território brasileiro, e isso remonta a um repertório repleto de cultura.
Contudo, entre suas diferenças também podemos perceber semelhanças que as integram em relação à produção de artefatos, entre eles estão: cerâmica, cestaria, máscaras, plumagem e pintura corporal. Vamos conhecer um pouco mais sobre algumas delas.
Cerâmica: forma e cores
Transformar o barro em objetos que armazenam, carregar e preservam muito mais do que os alimentos do produtores originários desses itens. Eles carregam consigo a historicidade de um povo que tem raiz fincada nessa terra.
As cores e padrões não são apenas enfeites, já que populações indígenas não veem suas peças de cerâmica com peças artísticas, elas tem uso real no dia a dia das aldeias e povoados.
A depender da etnia analisada, é possível ver potes de vários formatos que são destinados às atividades culinárias, uso doméstico em geral e também para ritos religiosos e até mesmo funerários, como é o caso dos Marajoaras. Atualmente, os Nuaruaques são considerados como um dos mais representativos nesse assunto, com peças expostas em museus do norte do país.
Essa tradição e conhecimento no trabalho e transformação do barro é algo passado através de gerações, muitas delas que pertencem ao período pré-colônia portuguesa. É importante notar que, nem todos são adeptos desse ofício, como é o caso dos Xavantes.
Cestaria: trançados ricos em tradição
Essa arte singular e com uma enorme gama de técnicas e padrões que formam itens de alta complexidade desde os períodos mais antigos da civilização. No caso do nosso país e diferentemente da cerâmica, a cestaria pode ser encontrada em todas as etnias até então estudadas por antropólogos e outros pesquisadores.
Desde os tempos remotos esses itens têm sido usados como meios de acondicionamento, transporte e também como filtros nos processos culinários desses povos. Os Kaingang, grupo étnico mais situado na região sul do Brasil, são exímios produtores desses itens e seu artesanato é forte e reconhecido.
Sendo assim, podemos encontrar diversos formatos e tamanhos, cada um pensado de acordo com a sua função, em uma pluralidade infinita de cores, trançados e padrões.
Vale ressaltar, que o ato de construir elaborados padrões usando bambu, folhas e outros materiais não é algo exclusivo dos habitantes nativos do Brasil.
Outras culturas ao redor do mundo desenvolveram essa prática e em determinado momento até mesmo se misturaram com a tradição indígena, como é o caso dos habitantes de países costeiros da África que foram sequestrados e enviados ao Brasil como escravos.
Grafismo e Pinturas Corporais: marcas e valores
O grafismo é uma das marcas mais identificáveis e proeminentes dentre as manifestações artísticas e culturais dos povos nativos, não só do Brasil, mas do mundo. Principalmente em nosso território, quando falamos de pinturas e grafismos, é possível identificar as características particulares.
Além disso, pintar o próprio corpo é sinal de pertencimento, participação na comunidade e uma maneira de expressar a espiritualidade latente. Essa é uma das poucas manifestações entre os povos indígenas que não possuem tanto significado em termos de aplicabilidade funcional.
As pinturas, juntamente com os grafismos particulares de cada grupo étnico, são adornos e elementos constituintes de sua cultura, agindo também como modo de identificação social, os tornando únicos em sua representação. No sul do Brasil, a grande presença Guarani e também dos Kaingang, ajudou a popularizar seu grafismo e artesanatos ao redor dos meios artísticos.
O grafismo Kaingang e suas impressões no mundo da Arte
No caso do grafismo, suas linhas e padrões surgiram inicialmente como indicativos de significantes específicos que se encaixavam dentro do contexto das comunidades. Ao longo da expansão do contato com a sociedade branca, foi observado um movimento de absorção de alguns elementos culturais dos indígenas.
Essa mesclagem acabou sendo absorvida e passou a ser forte presença em elementos decorativos por serem notavelmente imbuídos de muita historicidade e ancestralidade. Essa maneira sustentável de se fazer arte se tornou muito popular no cenário contemporâneo e suas linhas se tornaram inspiração e forte presença em elementos destinados à decoração propagação da identidade Kaingang.
Tal status ajudou a tornar suas peças em fonte de renda para muitas famílias que têm como subsistência a comercialização desses artigos tão significativos dentro e fora do contexto das comunidades. E, consequentemente, a manutenção dos seus costumes também resiste com a valorização do trabalho dos descendentes dos nossos primeiros habitantes.
Gostou de saber um pouco mais sobre essa herança tão rica da nossa história? Conheça mais sobre o projeto da Assindi com as populações indígenas da região navegando pelo nosso blog ou site. E sempre que puder, escolha adquirir uma peça de Arte indígena através de alguma organização que promova o reconhecimento e a manutenção das raízes culturais do nosso país.