Atividades de arte indígena no ensino médio: tema necessário
Incluir atividades arte indígena no ensino médio é uma necessidade pedagógica e social. Afinal, aumentar o contato dos estudantes com essa importante parte da nossa cultura é indispensável para formar cidadãos mais conscientes e livres de uma visão estereotipada dos povos que originaram o Brasil.
No entanto, muitos educadores acabam não sabendo abordar essa temática em sala de aula sem que esse conteúdo seja passado de forma equivocada.
Para ajudar nessa questão, o blog da Assindi preparou esse post. Falaremos sobre a importância da valorização da arte indígena nas escolas, quais cuidados tomar quando transmitir essa matéria e ainda dar ideias práticas de atividades para propor aos seus alunos com essa temática.
Continue a leitura e descubra mais sobre como a cultura indígena podem – e devem! – andar lado a lado!
Por que incluir atividades de arte indígena no ensino médio?
Muito mais do que a importância para fins práticos como provas e vestibulares, o grande motivo para que os professores trabalhem atividades sobre arte indígena no ensino médio é o valor social desse aprendizado.
As diversas etnias originais de nosso país possuem grande relevância em nossa alimentação, na linguagem, nos costumes e em nossa organização como sociedade. Mesmo assim, a maior parte da população não tem conhecimento sobre a história desses povos.
Além disso, existem diversos estereótipos e conceitos preconceituosos que são propagados por falta de informação por parte das pessoas de outras ancestralidades. Com a educação de crianças e jovens sobre a cultura indígena, poderíamos formar uma sociedade mais tolerante e inclusiva para essa parte dos habitantes do Brasil.
Trabalhar essa temática ajuda com que esses jovens consigam enxergar e valorizar da devida maneira a grande diversidade de artes indígenas que existem. Afinal, cada uma das etnias presentes em nosso território tem diversos objetos e técnicas que são muito diferentes umas das outras.
Todos esse fatores são tão importantes que a obrigatoriedade do ensino da história e cultura dos povos indígenas está incluso na Base Nacional Comum Curricular, que é um documento produzido pelo MEC (Ministério da Educação) e regulamenta os conteúdos que devem ser trabalhados dentro de sala de aula.
Nesse documento está descrito o seguinte:
Conforme as DCNEM/2018, devem contemplar, sem prejuízo da integração e articulação das diferentes áreas do conhecimento, estudos e práticas de:
I – língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas, também, a utilização das respectivas línguas maternas;
II – matemática;
III – conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente do Brasil;
IV – arte, especialmente em suas expressões regionais, desenvolvendo as linguagens das artes visuais, da dança, da música e do teatro;
V – educação física, com prática facultativa ao estudante nos casos previstos em Lei;
VI – história do Brasil e do mundo, levando em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e europeia;
VII – história e cultura afro-brasileira e indígena, em especial nos estudos de arte e de literatura e história brasileiras;
VIII – sociologia e filosofia;
IX – língua inglesa, podendo ser oferecidas outras línguas estrangeiras, em caráter optativo, preferencialmente o espanhol, de acordo com a disponibilidade da instituição ou rede de ensino (Resolução CNE/CEB nº 3/2018, Art. 11, § 4º)
Como pôde ver, os temas indígenas devem ser abordados não apenas nas diferentes expressões de arte, mas também como parte da história brasileira. Mas ainda resta a dúvida, como tratar esse assunto da melhor forma para alunos do ensino médio?
Como trabalhar a cultura indígena nas escolas de forma correta?
Até os dias de hoje a sociedade trata o indígena como um ser alheio, quase um ser mitológico, não como um cidadão brasileiro. O primeiro ponto a corrigir em sala de aula é esse: mostrar que os participantes das etnias originárias são parte de nossa população tanto quanto pessoas que descendem de outros povos.
Busque aprender sobre a cultura de cada etnia com seus próprios representantes, assim evitará passar uma visão preconceituosa sobre qualquer um dos aspectos dos povos indígenas. Existem diversos conteúdos online, vídeos, livros e outra mídias produzidas por quem nasceu nessas culturas e que sabe explicá-las melhor que ninguém.
Atente-se também aos termos que utiliza para se referir aos indígenas, pois existem maneiras de falar que apenas reproduzem a visão dos colonizadores. É o caso da palavra “tribo” que não deve ser usada, pois associa as comunidades desses povos a uma organização social mais primitiva ou atrasada. No post “Índio ou indígena: aprenda utilizar o termo correto!” explicamos melhor sobre o assunto.
Além de todos esses cuidados, uma boa prática para ajudar os estudantes a terem uma experiência maior do que apenas o livro didático, é trazer atividades sobree arte indígena para que eles aprendam a partir do contato com essa cultura.
Quais atividades de arte indígena fazer no ensino médio?
Existem diversas formas de aplicar as atividades sobre a cultura e produções indígenas sem cair no erro de reproduzir estereótipos preconceituosos. Separamos três opções que poderá incluir em seu plano de aula e que funcione com alunos de ensino médio. Confira quais são!
Roda de debate sobre literatura indígena
Começando por uma das artes que muitos esquecem que, de fato, é uma das expressões artísticas. Existem diversos autores indígenas que podem ser trabalhados em sala de aula. Alguns deles escrevem ficção a partir de sua experiência e cultura, outros trazem relatos e reflexões nada ficcionais.
Uma forma de valorizar o trabalho desses escritores, apresentar os temas relacionados à vivência das etnias indígenas e ainda estimular a leitura para os adolescentes. Marque uma data para reunir a turma durante a aula e dividir as percepções que tiveram a partir das temáticas colocadas no livro.
Você pode pedir para que cada um traga um trecho que chamou atenção, um capítulo que achou mais interessante ou outras propostas que estimulem a participação.
Uma indicação é o livro “Estrela Kaingang: a lenda do primeiro pajé” escrito por Luciana Vãngri. Ele une histórias reais e muitos aspectos culturais da formação dessa etnia.
Exposição com artistas indígenas
Existem ilustradores, pintores, escultores e muitos outros tipos de artistas de origem indígena quem retratam sua cultura em sua obras. Uma excelente opção é separar a sala em grupos e propor uma pesquisa sobre uma ou duas personalidades para montar uma exposição sobre esses criadores.
Esse trabalho ajudará na descoberta das artes indígenas, dos objetos produzidos com técnicas milenares e de muitos outros aspectos culturais. Também será uma forma de estimular o consumo das obras desse grupo de artistas que é ainda ficam à margem da visão do público consumidor.
Visita a um centro cultural indígena
Em diversas cidades existem instituições de apoio e promoção da população e cultura indígena, assim como a Assindi. Tirar os alunos de sala de aula e levá-los a conhecer esses espaços pode ser uma experiência construtiva. Os museus para a história e arte indígena também são ótimas opções para uma excursão.
Todas essas experiências devem ser acompanhadas de uma reflexão sobre a valorização desses povos e também sobre quais os estereótipos que não devem ser levados à diante. Essa é uma forma de tirar seus alunos de sua “zona de conforto” e levá-los a encarar uma realidade que nem toda nossa população enxerga.
Essa são algumas das atividades de arte indígena para o ensino médio que podem promover uma educação mais respeitosas com as etnias originárias e formar pessoas ainda mais conscientes. Acompanhe o blog da Assindi para ter acesso a mais conteúdos acerca da população indígena, em especial os Kaingang!
Nos vemos no próximo post!